Era uma vez, um menino surdo chamado Ivo.
Em casa, via a mãe ao telefone, que falava, falava, ouvia e falava.
O Ivo queria perceber como o fazia, mas não conseguia. Olhava para o pai, e ele escutava o telejornal, muito atento, tentava imitá-lo, e conseguia, mas não percebia. Tinha jeito para imitar a mãe, as expressões faciais, e os movimentos do corpo do pai. Foi assim que ele percebeu que era diferente e ainda via o irmão Jorge que ouvia a música nos seus auscultadores.
Ficou triste, queria ser como o pai, como a mãe e como o irmão, mas achava-se diferente.
Cada vez ficava mais triste, na escola, era feliz, porque eram, quase todos, como ele, e até havia adultos ouvintes que comunicavam com ele.
Em casa, ficava sempre triste, os pais repararam logo, tentaram perguntar. O menino disse:
- Vocês gostam mais do Jorge do que de mim, porque sou diferente!
Os pais, ficaram muito preocupados, perceberam a situação e ficaram sem saber o que fazer:
- Querido, tu sabes que não é verdade, nós gostamos muito de ti, tal como do teu irmão.
Mas aquelas palavras, ou o menino não percebeu ou não acreditou nelas.
Claro, os pais ficaram muito preocupados e foram à escola pedir ajuda. Lá, ajudaram imenso, decidiram aprender língua gestual e agora todos os dias, o Ivo ensina o pai, a mãe e o Jorge. E na hora do jantar, todos se esforçam para comunicar com o Ivo. Assim o Ivo não fica mais triste.
Aliás, o Ivo, percebeu que ser surdo, podia ser diferente, mas gostava muito de animais como o pai, e tem jeito para jogar à bola como o irmão e é muito parecido com a mãe. Por isso não era diferente, era igual!
© 2009 marta morgado
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